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quinta-feira, 4 de agosto de 2011


É fim de tarde. E, você sabe, eu te amava.
E se eu te encontrasse, assim, numa esquina qualquer, o que eu diria?
O que você faria se esbarrasse em mim numa calçada qualquer da cidade? Você pararia para saber da minha vida e da herança maldita que você me deixou?
Eu fico pensando se te diria que foi você quem começou tudo isso, que me magoou primeiro, quando eu ainda nem sabia o que era amor. Quando eu misturava paixão e sexo com pavor. E você me queimava com os seus olhos que já tinham vivido mais que o dobro da minha vida e mesmo assim insistia em provocar a minha inocência.
Eu sorria com vontade de chorar – você me ensinou a fingir coragem – e queria só que você me abraçasse. Você abraçava e eu queria fugir pra bem longe e nunca mais encontrar teus olhos.
Você sempre soube, mas será que ainda lembra? Outro dia me disseram que você anda envelhecido. Eu te reconheceria numa esquina qualquer? Teria vontade de correr, de fugir, de chorar e implorar um abraço?

Vem cá, que eu preciso te contar que ando sentindo essas coisas que a gente lê em poesia. Que eu tô andando sem rumo na rua e me perdi outro dia pelo centro da minha cidade. Eu sei, você nem queria ouvir, mas eu tenho vontade de encostar no teu ombro, beijar teu pescoço e falar que ando sentindo coisas demais. E me ocupando de coisas de menos.
Preciso te contar que você anda me consumindo os pensamentos e eu tô até gostando de música brega. Que eu tô cantando pela rua e falando de amor até quando o assunto é o aumento da passagem.
Deixa eu te contar que mal podia esperar pra você entrar na minha vida. Que eu me lembro exatamente da primeira vez que eu te vi, como se tivesse feito um retrato. E que toda vez que você chegava perto, eu voltava a ter 13 anos e a minha perna voltava a tremer e eu voltava a ficar muda.
Pra mim, você é mais que um sorriso tímido de canto de boca e eu achava que, mesmo desse meu jeito torto, eu estava fazendo a coisa certa. Você é a alforria desse mundinho chato que eu tava vivendo e me fez descobrir que não é discutir Nietzsche nem Adorno numa mesa de bar que vai me fazer provar que eu sou inteligente.
Você é o cheiro bom de roupa limpa que eu gosto de abraçar bem forte pra ver se eu fico um pouco com o teu perfume. Porque eu ando com saudades e com raiva de não saber esperar.
Preciso te contar que eu coloquei a minha felicidade nas tuas mãos, mas pode vir aqui que eu pego de volta, porque já aprendi que ela pesa demais nos braços dos outros. Deixa eu falar que eu sei que ando errando feio e chorando demais. Mas errar e chorar é normal nisso tudo. Isso de andar amando.

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