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sábado, 6 de agosto de 2011


Lembrei de você.



Natal, Rio Grande do Norte, Eu-Sem-Você. 



Antes de qualquer equívoco que eu venha a cometer (pois sei que vou), quero 
logo tratar de dizer que estou completamente alcoolizada e sabe lá Deus como minha
 falha coordenação motora me permite te escrever no estado em que me encontro. 
Surpreso? Nunca bebi na sua frente nem na frente de ninguém exatamente por isso,
 por saber o quão patética e chorosa fico. Aqui em minha e só minha casa estou
a sós com as paredes, mas como já parei de levar o copo à boca elas não conversam
 mais comigo, apenas ouvem. Essas paredes adoram me ver chorando. Ah! Os
porta-retratos na sala são como pequenos filmes antigos sendo executados, 
aqueles filmes que a gente chora por não ter um final feliz como o da personagem.
Eu choro por não ser mais a mocinha, por não ter mais você como par romântico
 e por não girar em seus braços numa colina verde com o céu cor-de-rosa mesclado 
com azul e branco. Sempre gostei dessas três cores em combinação, você sabe...
 Mas agora é tudo tão escuro, tão nublado, não tem calor nem brisa. Como ando?
 Eu até que vou legalzinha, tenho saído bastante, trabalhado mais do que preciso
 para distrair a mente de você e ainda sendo bem-remuneradíssima por isso. Parei
 de escrever aquelas histórias belas e também as tristes e melancólicas, parei 
de escrever histórias. Escrevo somente na época da junção TPM+Whisky, que te destino
 cartas que nunca foram entregues e permanecem intactas na gaveta do nosso
 antigo quarto, agora só frequentado por mim e a minha constante nostalgia. Mas essa 
eu quero te mandar, não vou esperar o amanhecer do dia, a ressaca e o senso de 
ridículo, vou pôr nos correios assim mesmo. Você deve estar muito bem, né? Sempre
 teve maior habilidade para sorrir mais verdadeiramente do que eu, que vivo fingindo... 
É, meu bem, posso até não ter um final feliz, mas continuo sendo uma excelente
 atriz. Qual o motivo de eu simplesmente não virar e dormir, de insistir em te mandar 
essa carta mesmo sabendo que você poderá não me responder e que eu passarei 
o resto da semana com o peso do arrependimento nos ombros? Bom, antes de ontem,
 após uma noitada cheia de danças, apertos e beijos, cheguei em casa com o dia 
amanhecendo. Abri a porta, subi as escadas, tomei um banho e saí do banheiro secando
 os cabelos quando a luz que vinha da janela do quarto agrediu meus olhos cansados.
 Aproximei-me dela para fechar as cortinas cor de champanhe (sua bebida preferida),
 aí eu olhei bem e lá longe por trás de uma nuvem vi o sol se impondo sob o céu azul 
clarinho, raiando manso, deixando coloridas as janelas do meu prédio, inclusive a do 
meu quarto, e secando as gotas de chuva de algumas horas atrás, na madrugada.
 Depois de muito observar me direcionei para a cama e dormi o dia inteiro e um pedaço
 da noite, acordei poucas horas atrás e voltei a beber. Ao acordar lembrei de
 você, não que eu tenha te esquecido dia algum, mas é que me dei conta de que
 até agora eu só havia sentido sua falta. Lembrei de você, só que esse
 lembrar doeu mais do que a soma de todos os outros dias vezes um milhão, porque
 hoje pela primeira vez eu senti saudade de verdade, vontade de morrer se não for 
pra te ter e é ela que me encoraja te permitir ler tudo isso. As doses tomadas nessa
 madrugada de domingo foram quase todas expulsas de dentro de mim ao tirar do 
peito todas essas palavras, e mesmo quase lúcida ainda quero que esta carta seja entregue. 
Tudo por causa do sol que por mais quente não seca minhas lágrimas, e é como se você
e o sentimento a ti direcionado crescessem mais a cada dia, a cada minuto. Eu ainda 
tenho rios de lágrima capazes de inundar a mim e à minha mínima felicidade, tenho também
 algumas gotas de esperança, esperança de que essa casa seja novamente nossa e de
 que essa cama seja compartilhada todas as noites contigo. Tenho plena consciência do 
risco que corro de não receber uma resposta e estou preparada para isso, pois não sei se
 minhas palavras (por vezes contraditórias) ainda causam algum tipo de emoção em você. 
Por três dias esperarei que você abra essa porta de repente com a chave que ainda tem, 
me puxe pela cintura e me empurre contra qualquer porta, geladeira ou parede, logo após 
quero que derrame em mim a garrafa de champanhe que estará sobre a mesa e beba, beba 
e se embriague com o álcool e com o perfume do meu corpo, se embriague com o meu e
 me deixe novamente embriagar com o seu, com o nosso amor.

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